Pneumonia diagnóstico e tratamento  

Pneumonia em adultos.

Pneumonia em adultos. Parte I.

Pneumonia em adultos


Conheça a doença, os sintomas, o diagnóstico e o tratamento


O que é pneumonia?

Pneumonia é uma inflamação nos pulmões geralmente causada por uma infecção por bactérias, vírus, fungos ou outros parasitas. Esta doença representa uma preocupação particular em pessoas com mais de 65 anos, crianças pequenas, portadores de doença crônica ou deficiência no sistema imunológico. Ela também pode ocorrer em jovens e em pessoas saudáveis.

Frequentemente a pneumonia é uma complicação de uma outra condição, como por exemplo de um resfriado comum. Os antibióticos podem tratar a maioria das formas de pneumonias bacterianas, mas a resistência das bactérias aos antimicrobianos tem aumentado principalmente pelo uso incorreto de medicamentos.

Pacientes com pneunomia são muitas vezes internados e, dos internados, de 5 a 10% são encaminhados para tratamento em unidade de tratamento intensivo (UTI).


Quais são os sintomas?

Os sintomas podem variar bastante, dependendo das condições de saúde da pessoa e do tipo de microorganismo que está causando a infecção. Muitas vezes, a pneumonia mimetiza um resfriado comum no seu início, começando com febre e tosse, e pode não ser reconhecida como uma condição mais séria.

Os sintomas mais frequentes são:

  • Febre
  • Tosse inicialmente seca que evolui para tosse produtiva
  • Respiração rápida (taquipneia)
  • Dor no peito ou dor torácica, que torna-se mais forte com os movimentos respiratórios e com a tosse
  • Sudorese
  • Calafrios
  • Dor muscular
  • Dor de cabeça
  • Perda de apetite
  • Fraqueza
  • Náuseas
  • Vômitos

Pessoas que fazem parte dos grupos de risco para pneumonia, como idosos, crianças abaixo de um ano de idade, doentes crônicos ou pessoas com déficits imunológicos podem apresentar poucos sintomas. Os idosos, ao invés de ter a febre alta que muitas vezes está presente na pneumonia, apresentam queda da temperatura e alteração do sensório na ausência de sintomas respiratórios.


Como a pneumonia acontece?

Estamos frequentemente expostos a bactérias e vírus que causam pneumonia, mas nosso corpo possui defesas (tosse, espirro, flora de microorganismos que vive em nosso organismo sem causar doenças e nos protegendo, células do sistema imune, etc.) para evitar invasão e danos ao sistema respiratório.

A pneumonia ocorre quando estas defesas falham e microorganismos chegam aos pulmões, causando inflamação e infecção.

A pneumonia bacteriana é a mais frequente, ocorrendo em aproximadamente 50% dos casos. A causa mais comum é uma bactéria chamada pneumococo. As pneumonias virais podem ser causadas por muitos tipos diferentes de vírus. Ocorrem mais comumente no outono e no inverno. Elas podem ser complicadas por pneumonias bacterianas.


Como os microorganismos que causam a pneumonia chegam ao organismo?

Os microorganismos podem chegar ao pulmão por:

  • Aspiração de secreções da orofaringe
  • Inalação de aerossóis
  • Disseminação hematogênica (através da corrente sanguínea)
  • Disseminação a partir de um foco infeccioso na parede torácica, no mediastino ou no andar superior do abdome
  • Reativação local


Como o diagnóstico é feito?

O diagnóstico de pneumonia é feito com a história clínica do paciente, um exame físico detalhado e a realização de uma radiografia do tórax.

A radiografia é importante para confirmar ou excluir o diagnóstico de pneumonia, determinar sua extensão e localização, avaliar a gravidade ou a ocorrência de complicações e auxiliar no diagnóstico diferencial com outras patologias.

Nos casos mais graves, alguns exames complementares podem ser solicitados para definir melhor as condições do paciente. Geralmente são realizados hemograma, glicemia, ureia e creatinina, eletrólitos, proteínas totais, pH, gasometria arterial, sorologia para HIV ou exames da secreção.

Estes exames são realizados para verificar a contagem das células de defesa (leucócitos) e localizar informações que identifiquem infecção por vírus, bactérias ou outros microorganismos específicos, além de estabelecer a gravidade do quadro clínico.

Para o diagnóstico do agente etiológico da pneumonia (o que nem sempre é possível determinar) estão disponíveis alguns exames como hemocultura, estudo microbiológico do escarro, toracocentese (quando há derrame pleural), aspirado transtraqueal, lavado broncoalveolar, punção transtorácica, exames sorológicos e pesquisa de antígenos urinários.


Quando visitar um médico?

Já que a pneumonia pode trazer riscos à saúde, o ideal é procurar um médico no início dos sintoma. Ou seja, quando apresentar tosse persistente, dificuldade para respirar, dor torácica que piora com os movimentos respitratórios, febre (principalmente acima de 38,9°C, com calafrios ou sudorese) e sempre que após um resfriado a pessoa observar uma piora dos sintomas.

Você deve estar alerta principalmente se for idoso, fumante, ingerir bebidas alcóolicas em excesso, ter uma doença de base, estar fazendo quimioterapia ou usando medicação por longo período como, por exemplo, prednisona que pode prejudicar a atividade do sistema imune.

Para idosos e pessoas com doenças cardíacas a pneumonia pode ser uma ameaça à saúde. O médico deve ser procurado precocemente.


Quais os fatores de risco?

Fatores associados ao aumento do risco para pneumonia incluem:

  • Idade. Pessoas com mais de 65 anos, principalmente aquelas com patologias associadas e crianças muito pequenas que não tem ainda o sistema imunológico totalmente desenvolvido têm maior risco de desenvolver pneumonia.
  • Certas doenças. Doenças que geram deficiências imunológicas com HIV/AIDS, doenças cardiovasculares, enfisema e outras doenças pulmonares e diabetes. Uso de drogas imunossupressoras por longo período de tempo e quimioterapia podem também aumentar o risco.
  • Abuso de álcool e cigarro. O epitélio respiratório é responsável pela filtração, aquecimento e umidificação do ar inspirado. A filtração é possível graças à presença de muco secretado pelas células caliciformes e dos cílios que orientam seus batimentos em direção à faringe, impedindo a entrada de partículas estranhas no pulmão. Irritantes como o tabaco paralizam os cílios, causando acúmulo de secreção nas vias aéreas. Estas secreções tem bactérias que podem causar pneumonia. O álcool interfere no reflexo faríngeo e na função das células brancas de defesa.
  • Internação em unidade de tratamento intensivo. As pneumonias adquiridas em hospital tendem a ser mais graves do que os outros tipos de pneumonia.
  • Portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e uso de corticoide por mais de 24 semanas. Estas condições podem aumentar o risco de ter penumonia, possivelmente pneumonias graves.
  • Exposição a certos químicos e poluentes. O risco de desenvolver alguns tipos incomuns de pneumonia pode estar aumentado para aqueles que trabalham com agricultura, construção civil, em certas indústrias químicas ou com animais. Exposição à poluição do ar ou ao fumo pode contribuir para a inflamação do pulmão, o que torna mais difícil o papel de filtração pulmonar.
  • Cirurgias ou danos traumáticos. Pessoas que passaram por cirurgias ou traumas e estão imobilizadas podem apresentar pneumonia, pois estas condições dificultam a tosse – que funciona como mecanismo de defesa para limpar os pulmões – acumulando secreções nos pulmões e promovendo o crescimento de bactérias.


Como é o tratamento?

O tratamento da pneumonia varia de acordo com sua extensão, severidade dos sintomas, imunidade do indivíduo acometido e tipo de agente que está causando a doença.

  • Bacteriana. Tratada com antibióticos. Mesmo que você se sinta melhor logo após o início da medicação, o tratamento não deve ser abandonado, mas continuado durante todo o tempo prescrito pelo médico. Parar com a medicação fora de hora pode fazer com que a pneumonia volte de forma mais grave.
  • Viral. Os antibióticos não tratam pneumonias virais. Algumas delas podem responder aos antivirais, mas o tratamento geralmente recomendado é repouso e hidratação adequada, além do uso de medicações para febre.
  • Mycoplasma. O Mycoplasma pneumoniae é tratado com antibiótico. Mas a recuperação pode não ser imediata. Em alguns casos a fadiga pode continuar mesmo após o tratamento da infecção. Os sintoma simulam um resfriado forte e muitas pessoas não procuram ajuda médica, não são diagnosticadas, nem recebem tratamento adequado.
  • Fungos. Antifúngicos tratam as pneumonias causadas por fungos.

Muitas pneumonias podem ser tratadas em casa, mas algumas precisam de hospitalização e medicações intravenosas para ajudar na recuperação. Após um período de cerca de 3 ou 4 dias, na maioria das vezes, o tratamento pode ser completado em casa com antibióticos de uso oral.


Devo consultar um médico depois de um tratamento para pneumonia?

O médico deve agendar um retorno após o término do tratamento para ver se você está passando bem. Esta consulta de retorno é especialmente importante para fumantes e portadores de DPOC.

Nas formas não graves de pneumonias adquiridas na comunidade e com boa evolução clínica não há necessidade de controle radiológico após o tratamento.

Caso você não esteja se sentindo melhor, este retorno é uma oportunidade para falar com seu médico e pode ser antecipado quando necessário. O médico pode mudar o curso do tratamento e solicitar outros exames para esclarecer o diagnóstico.


Além do tratamento medicamentoso, o que eu posso fazer para ajudar na recuperação de uma pneumonia?

Se você está com pneumonia, as medidas abaixo podem ajudar na recuperação mais rápida e diminuir as chances de complicações:

  • Descanse. Descansar bastante pode fazer você se sentir melhor.
  • Fique em casa, não vá à escola ou ao trabalho até que a temperatura volte ao normal (igual ou abaixo a 37,5°C) e você pare de expelir muco/secreções. Esta recomendação depende do quanto você está doente. Em caso de dúvida, pergunte ao seu médico.
  • Hidrate-se bem, especialmente com água. A ingestão de líquidos vai ajudar na eliminação de secreções e prevenir a desidratação.
  • Tome a medicação conforme prescrição médica. Parar a medicação antes da hora pode fazer com que sua pneumonia volte e contribuir para o aumento da resistência bacteriana aos antibióticos disponíveis.
  • Compareça à consulta de retorno. Mesmo que você esteja se sentindo bem, seus pulmões podem não estar completamente recuperados, por isso é importante que seu médico verifique sua evolução clínica.


Quais são as complicações de uma pneumonia?

A evolução de uma pneumonia depende do estado de saúde da pessoa, de quão extensa a pneumonia se apresenta e do agente causador da infecção.

Podem ser complicações de uma pneumonia:

  • Infecção generalizada ou septicemia. A bactéria causadora da pneumonia invade a corrente sanguínea e se espalha para outros órgãos.
  • Derrame pleural. É o acúmulo de líquido entre as pleuras parietal e visceral, o que pode tornar a respiração difícil.
  • Abscesso pulmonar. Cavidade contendo pus que se forma em área pulmonar afetada pela pneumonia.
  • Síndrome da angústia respiratória aguda. A pneumonia envolve grandes áreas dos pulmões, tornando a respiração difícil e privando o organismo de oxigênio.